Em meio as recentes manifestações do grupo intitulado Cotrijui/Recuperação, que reacendeu o debate sobre a situação e o endividamento da empresa, a direção do SindiComerciários de Ijuí reuniu-se na noite desta segunda-feira (15), com diretores do Sindicato vinculados a cooperativa, para atualizar questões relativas aos trabalhadores e trabalhadoras. “Existem vários aspectos referentes a recuperação da Cotrijui, a situação dos trabalhadores na empresa é mais um deles, tão ou mais importante que outros, já que no dia a dia, são as pessoas que tem maior contato com os problemas e que atuam diretamente, contribuindo no saneamento da empresa”, afirmou Ari José Bauer, Presidente do Sindicato.

 

A situação enfrentada pelos trabalhadores é de atraso de salários, 13º e também do Fundo de Garantia. Existe revolta e indignação. Os trabalhadores estão há meses sem garantir uma programação financeira em suas famílias.

 

Veja nota:

 

A Direção do SindiComerciários age para garantir o pagamento de salários em dia aos trabalhadores e trabalhadoras da Cotrijui. Com os meios aos seu alcance, obteve ação na Justiça do Trabalho, ainda em 2013, no início deste período de crise financeira, que determina o pagamento de salários em dia. A empresa descumpre esta decisão sistematicamente, assim como também descumpre decisão judicial que impede o parcelamento de rescisões contratuais (com previsão de multa), medida que desrespeita inclusive a legislação.

 

O atraso de salários, 13º, situações de atraso no pagamento de férias e de não recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), geram nos trabalhadores um clima de total insegurança em relação a empresa e assombra o seu dia a dia na medida que os impede de programar financeiramente as suas vidas e a de seus dependentes. A situação é de profundo estresse resultado da pressão num ambiente de trabalho que aumenta as exigências ao mesmo tempo em que não remunera o trabalhador em seu direito mais básico, o salário.

 

Neste mês de dezembro de 2017, o Sindicato acionou novamente a justiça, solicitando que se faça cumprir a sentença obtida em 2013 e aguarda manifestação do judiciário.

 

Ressalta-se que realizamos constantes solicitações de reuniões com a direção da cooperativa para tratar destas questões diretamente com os seus representantes legais, no entanto a direção da Cotrijui não nos atende e o contato é delegado para assessores.

 

Afirmamos que no processo de recuperação da empresa há descaso com o quadro funcional e com a situação de emergência social que os atrasos de salários causam, bem como com o futuro destas pessoas e de suas famílias.

 

Buscamos garantir a recontratação do quadro funcional de setores em unidades que são arrendadas, prática que a cooperativa não repete nos arrendamentos recentes. Nas unidades cedidas para arrendamento em Capão do Cipó, Coronel Bicaco e Tenente Portela, entre outras, houve demissão dos trabalhadores, sem qualquer negociação com os arrendatários para que os trabalhadores fossem recontratados.

 

Os trabalhadores da cooperativa questionam veementemente o fechamento de unidades da empresa que eram pontos de receita líquida, em cidades onde estas unidades eram hegemônicas no mercado. Das quase 20 mercado/lojas existentes, restam apenas 8. Das unidades de venda de combustíveis, resta apenas 1, que apresenta falta de produto.

 

Além disso, há evidente redução na produção do frigorífico e do engenho de arroz, deixando de gerar receitas com marcas da cooperativa reconhecidas no mercado, como Tchê e Arroz Leviesti. Ainda na semana passada, foi fechada a unidade mercado/loja de Capão do Cipó.

 

Em matéria publicada em jornal de circulação no estado (11/01/2018, pág. 14), dados divulgados pela Organização das Cooperativas do RS (Ocergs), através de seu presidente, Vergilio Perius, demonstram que a Cotrijui não é a única cooperativa no estado que passa por situação de recuperação, mas que é a única que apresenta deterioração do quadro de endividamento, enquanto outras empresas apresentam um quadro de recuperação financeira, administrativa e de credibilidade junto a sociedade e aos seus associados.

 

Na mesma matéria, o patrimônio da empresa é citado como garantia de que há perspectivas de solução para os problemas de débitos e dívidas, ainda que até agora, eles não tenham sido resolvidos.

 

Diante dos fatos, é inequívoco o descompasso entre as argumentações e justificativas incansavelmente repetidas pelo grupo a frente da atual gestão da Cotrijui, com as ações e encaminhamentos que este tem tomado no sentido de sanar a empresa.

 

Relembramos ainda que, em abril de 2013*, todas estas questões estavam colocadas e resultaram em uma grande manifestação que reuniu diversas autoridades e entidades, entre elas a Fecosul, Fecoagro, Farsul e Ocergs, com protagonismo dos trabalhadores e trabalhadoras da empresa e deste Sindicato. Desde lá, não há avanço significativo da situação.

 

A Direção do SindiComerciários de Ijuí, como sempre fez, reitera seu engajamento em todo e qualquer esforço que tenha como propósito o saneamento financeiro da Cotrijui e contribuirá em tudo o que estiver ao seu alcance para este fim, sem vinculação a grupos de associados, mas no estrito interesse dos trabalhadores. Uma empresa forte é garantia de emprego e renda.

 

Porém, com o quadro de desrespeito e não cumprimento das obrigações salariais e trabalhistas, movemos todos os nossos esforços institucionais em busca de garantir o pagamento e o acerto de salários e direitos. Seguiremos buscando o diálogo e a negociação para solucionar conflitos. Não abriremos mão de qualquer medida judicial ou de mobilização para tal fim.

 

Direção do SindiComerciários Ijuí
Presidente Ari José Bauer

 

*Mobilização parou a Cotrijui na manhã desta terça-feira (2/04/2013)