Cerca de uma centena de trabalhadores e trabalhadoras da Cotrijui se reuniram com a Direção do SindiComerciários e do Sindicato da Alimentação de Ijui nesta sexta-feira (16), no auditório do SindiComerciários, para analisar medidas a serem tomadas em conjunto para enfrentar a crise na cooperativa. Atraso de salários, não pagamento de férias, 13° salário e rescisões, além de falta de depósitos do FGTS, são apenas alguns dos problemas que os trabalhadores enfrentam ao longo de mais de 5 anos.

 

 

“Estamos denunciando esta situação desde 2013, quando realizamos uma grande manifestação em frente a Cotrijui, após percebermos que a administração da empresa apresentava incerteza nos rumos”, relatou Rosane Simon, Diretora do Sindicato e Presidenta na época. A demissão de funcionários em postos chave e a falta de abastecimento e reposição nos supermercados da cooperativa acenderam o alerta, além dos problemas com atraso de salário e o não pagamento de rescisões, que já haviam começado.

 

 

A situação dos trabalhadores é de angustia com o futuro e de insegurança com o presente. Não há diálogo com gerentes e com interventores. “Não nos dão nenhum tipo de informação sobre a situação da empresa e sobre a nossa situação”. Os relatos demonstram preocupação com a venda de ativos da cooperativa, sem que as obrigações com salários e direitos seja quitada. “Quando venderem tudo, vão sobrar as mesas e as cadeiras para vender e pagar os nossos direitos?”, questionou um dos trabalhadores presentes.

 

 

Outros relatos expuseram a falta de zelo com o patrimônio. Segundo alguns dos presentes a reunião, não há cuidado com o dia a dia em coisas relativamente simples como gotejamento nos condicionadores de ar, “molha mais dentro do que fora”. O não recolhimento do FGTS, também preocupa. Muitos dos trabalhadores, com mais de 20 anos na empresa temem perder valores. “Sei que os depósitos do FGTS estão atrasados porque uso o dinheiro para abater do financiamento da casa própria e vou no banco e não tem dinheiro na conta”, relatou outro trabalhador.

 

 

Ao perceberem que o patrimônio é executado por credores, sem que os débitos trabalhistas sejam saldados, a preocupação dos trabalhadores está em garantir que no processo de arrendamento e de venda de ativos, eles não fiquem sem receber o que lhes é devido. Ari José Bauer, Presidente do SindiComerciários e Luiz Carlos Vasconcelos, Assessor Jurídicas da entidade, fizeram um relato das medidas jurídicas que foram tomadas e explicaram que qualquer decisão sobre o uso dos ativos após a venda e arrendamento, passa pela “caneta do juiz”.

 

 

“Em 16 de fevereiro nos reunimos com o liquidante para obter informações sobre a situação dos atrasos com os trabalhadores, mas obtivemos somente a informação de que ainda estão em processo de levantamento da situação e que o possível arrendamento de unidades faria com que entrasse algum ativo. Em 7 de março nos reunimos com o Juiz que está com o processo de liquidação e também apresentamos as preocupações com os débitos trabalhistas mas ele se limitou a informar que o processo é público e que todas as informações se encontram disponíveis no processo”, explicou Bauer.

 

 

Além dessas medidas, o Sindicato conseguiu liminar na justiça, que depois virou sentença, obrigando que os salários sejam pagos em dia e obteve garantias como a indisponibilidade de bens para o pagamento de débitos trabalhistas. O Sindicato já cobrou a execução da liminar e, eventuais atrasos de salários, acontecem por falta de ação da justiça.

 

 

Outras ações são encaminhadas. Há um pré agendamento de um novo encontro no próximo dia 28 com os interventores da cooperativa, prazo pedido por eles para reunir informações e dar respostas às demandas apresentadas pelo Sindicato na reunião do dia 16/2. A Direção busca agendar também uma audiência com o Procurador Federal do Ministério Público do Trabalho em Santo Ângelo, e vai solicitar que o MPT realize a mediação das negociações entre o Sindicato e os liquidantes. “Isto é muito importante porque o que for negociado fica registrado em ata, no MPT”, disse Ari Bauer. A Direção do SindiComerciários e dos Sindicatos da Alimentação de Ijuí e Santo Ângelo (que representa os trabalhadores da unidade da Cotrijui em São Luiz Gonzaga pela unidade) em conjunto com a categoria, está elaborando ações que devem envolver todas as unidades da empresa. “Estamos buscando realizar os trâmites jurídicos e também estamos buscando reuniões entre as partes, mas não há respostas e muito menos ações. A situação dos trabalhadores e trabalhadores é insustentável”, concluiu Ari Bauer.